Adaptação da peça homônima de Renata Mizrahi, Os Sapos é um filme que transita entre o drama e a comédia com uma naturalidade desconcertante. Sob a direção de Clara Linhart, a narrativa se desenrola em um cenário bucólico que, paradoxalmente, abriga tensões sufocantes e relações marcadas pela toxicidade emocional.
A trama acompanha Paula (Talita Carauta), uma mulher de quase 40 anos que viaja para um reencontro com amigos do colégio, apenas para descobrir que a confraternização foi cancelada. Presa no local até o dia seguinte, ela convive com Marcelo (Pierre Santos) e sua namorada não assumida, Luciana (Karina Ramil), além do casal vizinho, Cláudio (Paulo Hamilton) e Fabiana (Verônica Reis). A presença inesperada de Paula acaba funcionando como um catalisador para expor as frustrações e conflitos que essas relações carregam.
O grande trunfo do filme é seu olhar afiado sobre o amor e suas amarras invisíveis. Aqui, não se trata do romantismo idealizado, mas do amor que aprisiona, que mina a autoestima e que, muitas vezes, se confunde com dependência emocional. Através de diálogos ágeis e uma atmosfera quase teatral, Os Sapos mergulha na fragilidade dos vínculos humanos, sem entregar respostas fáceis.
Talita Carauta é o coração do filme. Conhecida por seus papéis cômicos, a atriz surpreende ao carregar a complexidade de Paula com sutileza e intensidade, dominando cada cena sem precisar de grandes gestos ou falas. Sua presença nos conduz por um enredo que se desenrola permitindo que os espectadores sintam a crescente tensão entre os personagens.
O roteiro de Renata Mizrahi é certeiro ao abordar dinâmicas de poder dentro dos relacionamentos. O casal Cláudio e Fabiana, por exemplo, encarna a caricatura do amor tóxico sustentado por manipulação e insegurança. Já Marcelo e Luciana representam a zona cinzenta dos relacionamentos modernos, onde a falta de compromisso não é liberdade, mas sim um sintoma de algo mais profundo e disfuncional.
Vencedor de prêmios no Festival Internacional de Cinema de João Pessoa e reconhecido em festivais internacionais, Os Sapos prova que um filme não precisa de grandes reviravoltas para ser impactante. Com um elenco afiado e um roteiro que provoca reflexões sobre os padrões emocionais que seguimos (muitas vezes sem perceber), essa tragicomédia se firma como um retrato perspicaz das relações humanas.
Os Sapos já está nos cinemas. Vale a pena conferir e refletir sobre as relações que escolhemos (ou aceitamos) viver.
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