A parceria entre Santiago Mitre e Mariano Llinás no roteiro e direção nos presenteia com um filme profundo e digno de Oscar. Com narrativa didática e inspirada em fatos reais, nos conta a história dos promotores Julio Strassera (Ricardo Darín) e Luis Moreno Ocampo (Peter Lanzani) que junto a um grupo de jovens estudantes venceram o julgamento mais difícil e importante da história da Argentina.
Falar sobre a ditadura militar nunca é fácil. Santiago Mitre permeia por diversos tons ao trazer leveza e risos a algumas cenas que nos permitem o alívio diante do peso das cenas de tribunal. As acusações dos nove militares e os mais de 700 depoimentos sobre pessoas torturadas, mortas e desaparecidas durante a ditadura, nos evidenciam que nem o maior genocídio da Argentina passa impune. É preciso lutar pela justiça e pela memória contra a perversão moral.
Há um minucioso trabalho de arte e fotografia com estética da década de 80, somada à trilha sonora de época. Ainda em diversos planos nas cenas de tribunal que alternam entre a câmera que vemos o filme e as imagens de transmissão ao vivo, bem como nas televisões finais, compõem o trabalho de montagem. As constantes cenas com câmera em movimento trazem o dinamismo que o filme necessita para transformar sua densidade em movimento fluido.

Com a afirmativa de Ruso (Norman Briski) “O Governo diz que vai mudar as coisas e chama os mesmos FDP de sempre” e seu desdobramento em diálogos diretos e certeiros num crescente aprofundamento emocional, constata-se que nunca se deve calar diante de uma barbárie sem limites. Acompanha-se a história da violência Argentina e a resposta do governo militar. É a certeza do respeito à dignidade humana para que nunca se repita não só nesse país, mas no mundo, atos cruéis, clandestinos e covardes.
Argentina, 1985 é mais que um filme. Uma carta de esperança com a justiça; um lembrete para que não se repita a história de consequências inevitáveis e desumanas.
Você encontra Argentina, 1985 em breve nos cinemas.
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