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Jeanne du Barry

Jeanne du Barry era de origem humilde e, por meio de sua beleza e inteligência, conseguiu transcender as barreiras sociais da época para se tornar amante do Rei Luís XV da França. Sua história mostra que, mesmo em uma sociedade rigidamente estratificada, é possível desafiar as convenções e conquistar posições de destaque. A vida amorosa de Jeanne, principalmente como amante real, era objeto de atenção e escrutínio público.

Desafiou as normas sociais da época, que esperavam que as mulheres fossem submissas e castas. E viveu sua vida de acordo com suas próprias regras, buscando a própria felicidade e prazer. Sua história ressalta a importância da liberdade sexual e da expressão individual, especialmente no contexto da luta pelos direitos das mulheres e pela aceitação da diversidade sexual. No mundo atual, onde a liberdade de expressão e a liberdade sexual são questões fundamentais, Jeanne du Barry continua sendo uma figura relevante que nos inspira a abraçar nossa individualidade e a reivindicar nossa liberdade pessoal.

O longa-metragem biográfico escolhido para abrir a 76ª edição do Festival de Cannes, roteirizado, dirigido, produzido e protagonizado pela francesa Maïwenn, ao lado de Johnny Depp, gerou opiniões divergentes. No entanto, é importante destacar que a existência de processos judiciais envolvendo atores pode ter um impacto negativo no filme. Polêmicas, acusações e comportamentos questionáveis podem resultar em boicotes, críticas e afetar financeiramente a produção, que teve o maior orçamento do ano de 2022 na França, ultrapassando os 20 milhões de euros. É fundamental reconhecer essa realidade e entender a delicada linha que separa a obra cinematográfica de seu elenco. Mas é precioso questionar tal conivência com os poderosos da indústria cinematográfica mundial.

A grandiosidade do filme se destaca pelas deslumbrantes locações, principalmente pelos suntuosos aposentos de Versalhes, onde a maioria das cenas é filmada, tanto internas quanto externas. Além disso, o figurino, Chanel, merece reconhecimento especial. Indo além da alta costura, os figurinos também valorizam minuciosamente as joias e a maquiagem. O cuidado com os figurinos estabelece um ponto em comum entre Jeanne e Chanel, refletindo o compromisso compartilhado de apoiar artistas e artesãos de sua época. Essa atenção aos detalhes nas locações e no figurino adiciona uma camada extra de autenticidade e esplendor visual.

Em suma, Jeanne du Barry deixou um legado notável que vai além de seu papel como amante real. Sua história nos lembra da importância do empoderamento feminino, da superação de barreiras sociais e da busca pela liberdade individual. No entanto, é importante reconhecer a ambiguidade quando comparada ao elenco do filme. No mundo atual, onde ainda enfrentamos desafios em relação à igualdade de gênero, desigualdades sociais e liberdade pessoal, a vida e o exemplo de Jeanne du Barry continuam sendo relevantes e inspiradores para todos nós.

https://www.youtube.com/watch?v=MrDarfGICRI

Jeanne Du Barry foi lançado na França, onde o filme foi produzido, no dia 16 de maio de 2023. Infelizmente, o longa-metragem ainda não tem previsão de lançamento no Brasil.

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Até o próximo texto.

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The White Lotus- Segunda Temporada

Quando uma série se mantém com estrutura de minissérie com início, meio e fim fechado, se torna impensável uma segunda temporada. Mas esse não é o caso de The White Lotus.

Com  sua primeira temporada gravada durante a pandemia, o criador Mike White seguiu brilhantemente com um roteiro de locação única; um hotel de luxo isolado no Havaí. Para cativar a audiência foi trabalhada toda a criatividade nos diálogos repletos de críticas à sociedade contemporânea e no desenvolvimento de personagens profundos e tramas cheias de conflitos. Todo conflito gera explosão e explosão gera conversa para o dia seguinte.

A segunda temporada trouxe dúvidas quanto a qualidade, será que a mesma se manteria? E como não cansar o público com a mesma locação e quais personagens poderiam assumir as novas tramas e quais seriam elas? O episódio piloto já nos mostra que é possível manter o mesmo tom com novos personagens e um novo espaço.

A HBO Max liberou os episódios semanalmente, tendo o seu sétimo e último exibido no domingo (11/12). Gravada na Itália (Sicília), White Lotus retorna com Tanya (Jennifer Coolidge) e Greg (Jon Gries). Novos personagens chegam ao hotel que desta vez é administrado por Valentina (Sabrina Impacciatore). O conflito principal já é mostrado no início do episódio piloto, alguém vai morrer. Resta aos espectadores desvendar os mistérios gerados pelos conflitos nas relações dos personagens que só serão resolvidos no episódio final.

A primeira temporada foi um marco como grande vencedora do Emmy 2022 (dez estatuetas). Com a segunda temporada mantendo a qualidade do roteiro e direção, há grandes expectativas quanto ao prêmio de 2023. Uma coisa é certa: teremos terceira temporada. No entanto, há especulações em relação ao próximo destino ser a Ásia.

Você encontra The White Lotus disponível na HBO Max.

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Até o próximo texto.

 

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Argentina, 1985

A parceria entre Santiago Mitre e  Mariano Llinás no roteiro e direção nos presenteia com um filme profundo e digno de Oscar. Com narrativa didática e inspirada em fatos reais, nos conta a história dos promotores Julio Strassera (Ricardo Darín) e Luis Moreno Ocampo (Peter Lanzani) que junto a um grupo de jovens estudantes venceram o julgamento mais difícil e importante da história da Argentina.

Falar sobre a ditadura militar nunca é fácil. Santiago Mitre permeia por diversos tons ao trazer leveza e risos a algumas cenas que nos permitem o alívio diante do peso das cenas de tribunal. As acusações dos nove militares e os mais de 700 depoimentos sobre pessoas torturadas, mortas e desaparecidas durante a ditadura, nos evidenciam que nem o maior genocídio da Argentina passa impune. É preciso lutar pela justiça e pela memória contra a perversão moral.

Há um minucioso trabalho de arte e fotografia com estética da década de 80, somada à trilha sonora de época. Ainda em diversos planos nas cenas de tribunal que alternam entre a câmera que vemos o filme e as imagens de transmissão ao vivo, bem como nas televisões finais, compõem o trabalho de montagem. As constantes cenas com câmera em movimento trazem o dinamismo que o filme necessita para transformar sua densidade em movimento fluido.

Com a afirmativa de Ruso (Norman Briski) “O Governo diz que vai mudar as coisas e chama os mesmos FDP de sempre” e seu desdobramento em diálogos diretos e certeiros num crescente aprofundamento emocional, constata-se que nunca se deve calar diante de uma barbárie sem limites. Acompanha-se a história da violência Argentina e a resposta do governo militar. É a certeza do respeito à dignidade humana para que nunca se repita não só nesse país, mas no mundo, atos  cruéis, clandestinos e covardes.

Argentina, 1985 é mais que um filme. Uma carta de esperança com a justiça; um lembrete para que não se repita a história de consequências inevitáveis e desumanas.

Você encontra Argentina, 1985 em breve nos cinemas.

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Até o próximo texto.

 

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A Porta ao Lado

Muitos possuem um ideal de casamento monogâmico tradicional com filhos do ventre, mas não Isis (Barbara Paz) e Fred (Tulio Starling). Casados e com relacionamento aberto, os dois se mudam para um novo apartamento ao lado de Mari (Letícia Colin) e Rafa (Danilo Ferreira). Os novos vizinhos vão mostrar que aos olhos do tradicionalismo, outras realidades repletas de liberdade perturbam. Incomodam os que não têm coragem de buscar a sua liberdade.

“EU GOSTO DE GENTE, VOU FAZER O QUÊ?”

A Porta ao Lado possui direção de Julia Rezende e roteiro de L.G. Bayão e Patrícia Corso. Há uma captação de peles, corpos e carnes em sua máxima essência, cultuando-os e não os sexualizando a troco de nada. Tudo é significativo, singelo e intenso. De início, a montagem de Maria Rezende nos apresenta através de passagens de tempo não lineares o relacionamento de Mari e Rafa.

Há uma atenção aos planos detalhes, nos transportando não só para a relação dos personagens, também para o ambiente e a vida de todos. Flores levam tempo para florescer, iogurte cai no tapete, teias que nos levam a refletir junto à diálogos profundos, que numa vida a dois exige do singular e do casal.

Com o passar do tempo numa vida comum, torna-se mais fácil se colocar numa zona de conforto do dia a dia e dos sentimentos. Mas com a chegada do novo, há um flerte com o desconhecido. Mari opta pela facilidade de ir atrás do sentimento de início de relação a sustentar o antigo.

“A GENTE NUNCA VAI SABER TUDO SOBRE O OUTRO”

Somos convidados a nos questionar até onde conhecemos nossas vontades e se o que é certo é o que é esperado de nós. Ao acompanhar a construção e destruição do casal, constata-se que não devemos deixar de fazer nada por alguém. Em meio a tabus sendo desconstruídos através de um voyerismo, fruto de uma curiosidade, a abertura ao novo revela que nada vai ser igual ao início. Numa vida a dois é preciso fazer sacrifícios, mas também é preciso dar espaço e não sufocar.

“TUDO O QUE É NOVO FAZ A GENTE SE SENTIR VIVO, UM POUCO… NÃO QUER DIZER QUE É BOM”

Com uma direção de arte que nos convida a morar nos calorosos e aconchegantes ambientes, somada a uma trilha sonora que caminha entre Duda Beat aos quadros de Liniker, Julia nos traz uma carta aberta, revelando que o gramado do vizinho não é mais verde que o nosso e que não existe casamento perfeito.

Você encontra A Porta ao Lado em breve nos cinemas.

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O Clube dos Anjos

Após diversos atrasos nas estreias de filmes dos últimos dois anos pandêmicos, eis que se aproxima a data de lançamento de Clube dos Anjos, sob o roteiro e a direção de Angelo Defanti. O filme aguardado é uma adaptação de Gula, livro do homônimo Luís Fernando Veríssimo, sucesso da coleção Plenos Pecados (década de 90).

A coprodução Brasil-Portugal traz em sua narrativa,  O Clube do Picadinho, confraria que durante 32 anos reúne mensalmente  amigos para jantar (Otávio Muller, Marco Ricca, Paulo Miklos, Angelo Antônio, Augusto Madeira, César Mello, André Abujamra e o lusitano António Capelo). O anfitrião é responsável pelo sucesso do vinho e da refeição. Com a chegada de um misterioso cozinheiro (Matheus Nachtergaele), que lhes serve magníficas refeições, os laços de amizade se estendem e o grupo se diminui. Depois de cada jantar, um integrante amanhece morto. Mas por que estes homens continuam retornando aos jantares?

TODO DESEJO DESEJA A PRÓPRIA MORTE

O roteiro possui uma não linearidade. Fiel ao livro, o romance policial metalinguístico se cerca de alusões a bíblia, reflexões acerca do pecado, inspirações Shakespeareanas, análises em torno da morte e o principal; uma história com final anunciado no início do primeiro ato. Um país que quase metade da população vive a realidade da fome, acompanhamos uma história em que a gula e a euforia do homem são relacionadas de forma forte e podemos notar o desejo em sua forma mais primitiva.

A FOME É O ÚNICO DESEJO REINCIDENTE

O longa-metragem se utiliza de uma linguagem extremamente rica, a começar pela apresentação de personagens em suas duas fases (infantil-adulta), planos de conversas ao telefone com os personagens juntos na tela, embora em ambientes distintos e imagens sobrepostas de comida com personagens. Podemos ver suas personalidade em máxima potência quando o líder do grupo deixa de estar presente. E após a chegada do elemento surpresa, sempre por trás da porta fechada, invisível aos olhos.

Na roleta russa da gula, o homem é o único animal que quer mais do que necessita. O terceiro ato nos mostra algo para além do filme: não sabemos de nada, mesmo quando o final já é pré anunciado no primeiro ato. E aprendemos que comida é poder.

Você encontra O Clube dos Anjos nos cinemas a partir do dia 3 de Novembro.

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Até o próximo texto.

 

 

 

 

 

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Do Revenge

Precisamos falar sobre Do Revenge, ou na tradução brasileira:  Justiceiras. O mais novo filme da Netflix possui  a direção e roteiro de Jennifer Kaytlin Robinson e Celleste Ballard. A comédia ácida adolescente possui referências a Segundas Intenções e Garotas Selvagens, ambos do final dos anos 90 com a trama principal envolvendo pessoas endinheiradas, jogos de poder e grandes apostas. Embora o roteiro tenha sido inspirado em Strangers on a Train de Alfred Hitchcock.  

Do Revenge se diferencia ao incorporar a sua narrativa personagens atualizados repletos de representatividade, uma linguagem não só de falas, mas do roteiro em seu macro aspecto.

O filme nos apresenta Drea (Camila Mendes) que está no auge do ensino médio como a Alpha it-girl. Sua popularidade entra em declínio quando uma fita de sexo é vazada para toda a escola, pelo seu namorado e rei do campus, Max (Austin Abrams). Eleanor (Maya Hawke), uma nova e misteriosa aluna é transferida e descobre que passará  a frequentar a escola de sua velha valentona, Carissa (Ava Capri), que começou um boato desagradável no acampamento de verão quando tinham 13 anos. Após um encontro clandestino no  acampamento de tênis, Drea e Eleanor formam uma amizade improvável e secreta para se vingar de todos que lhe fizeram mal.

Sarah Michelle Gellar integra ao elenco representando a voz adulta de toda uma geração adolescente. Vale lembrar que o filme tem grandes referências dos anos 90 e quem mais poderia representar os anos 90 senão a nossa eterna Kathryn/Buffy?

Em conjunto ao elenco, falas, tons, temos o mais marcante do filme: a TRILHA SONORA. Com o grande supervisor musical, Rob Lowry, que nos apresenta a uma trilha nostálgica mesclando o melhor dos anos 90 e da geração Z. Com músicas que vão de Meridith Brooks a Olivia Rodrigo e até mesmo a mesma canção do pay off de Segundas Intenções. Seria Max o novo Sebastian Vallmont com um final melhorado onde não há morte e sim uma oportunidade de melhoria e reconhecimento de seus erros?

Você encontra Justiceiras na Netflix.

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MARTE UM

Um retrato contundente de uma brasilidade pouco representada nas telas. Assume papel primordial ao trazer as dores, dificuldades e a realidade que a grande maioria da população no país enfrenta. Entende-se o porquê de Marte Um ter faturado grandes prêmios em Gramado. Teve sua estreia no festival de Sundance e chega aos cinemas do Brasil na próxima quinta-feira (25).

Rejane Faria e Carlos Francisco
         Tércia (Rejane Faria) e Wellington                           (Carlos Francisco)

Marte Um, roteirizado e dirigido por Gabriel Martins apresenta uma família negra da periferia de Minas Gerais, em busca de seus sonhos num momento delicado do país, que acaba de mudar de presidência, trazendo desemprego e alta nos valores dos alimentos. Há um equilíbrio, em uma corda bamba invisível, dos pais em tentar manter o emprego, que em caso de ausência, pode desandar a vida familiar.

               Deivinho e seus amigos

O longa-metragem da produtora mineira Filmes de Plástico pode ser transcrito como um filme de representatividade em seus detalhes, que vão do macro da narrativa ao micro na tela. Com diálogos extremamente reflexivos, nos deparamos com temas como privatização carcerária num estado que representa a primeira do país. Distribuição de tarefas domésticas por gênero. A inocência de uma criança e ainda a projeção dos sonhos não concretizados dos pais em seus filhos, como melhora de vida da geração anterior.

                Deivinho (Cícero Lucas)

Deivinho, a criança da casa, está descobrindo seus interesses e em contramão da realidade de muitos que encontram saída no futebol, ele encontra a sua nas ciências. Desencorajado, de início, pelo seu entorno, Deivinho sonha em participar de uma missão de colonização de Marte e se tornar astrofísico. Percebemos durante a narrativa que muitas vezes se faz o que os outros querem e não o que se quer de fato, numa constante preocupação com o que é esperado de nós.

“NEM TUDO O QUE É COMBINADO DEVE SER ACEITO”.

Marte Um realça o que já sabemos, porém esquecemos:  Repensar, valorizar o trabalhador e acima de tudo os seus sonhos. Você já atentou com os desejos das pessoas que convivem com você? E das que trabalham para você?

Você encontra Marte Um nos principais cinemas do Brasil.

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O Segredo de Davi

O suspense de estreia do roteirista e diretor Diego Freitas em longas-metragens nos convida a observar o protagonista para montar o quebra-cabeça de uma mente fragmentada. O filme que ganhou prêmio no Festival de Montreal trás uma perspectiva cinematográfica bastante diferente, possuindo uma estética que apesar de sombria é maravilhosa de se ver.

Nicolas Prattes em O Segredo de Davi

Nicolas Prattes em uma atuação memorável se funde em Davi, um Serial Killer que tem como hobby filmar outras pessoas sem que elas o vejam. Na convivência acadêmica com Jonatas, mestrando, por quem desenvolve um certo fascínio ele acaba tendo um insight de libertação que implica na morte de outras pessoas, sendo a primeira delas uma vizinha idosa. Davi filma o ato sem revelar a sua identidade e fica famoso por publicar este e os outros crimes na internet.

Davi sem dúvidas é um personagem de muitas camadas e certamente foi interpretado com bastante dedicação, visto que foi o primeiro filme de Prattes. O ator que não reside em São Paulo, local de filmagem, precisou se deslocar e viver por um tempo no hotel da cidade, tornando mais viável a sua vivência e aprofundamento no protagonista stanislavskiano. O seu ensaio diário começou na pré produção onde foi repassada cena por cena com a sensibilidade de Freitas, resultando em um personagem que fala com o olhar e possui uma real cara de psicopata.

Nicolas Prattes é Davi

Com uma aposta no ousado e diversificado há momentos destoantes marcados pela luz em que a fotografia exalta a beleza das paisagens e insere elementos destrutivos . Neste suspense com altas doses de drama psicológico, Diego Freitas tem uma bela estreia ao contar a vida de um assassino com uma mente tão fragmentada.

Há uma licença poética mesclada a uma fotografia contemplativa repleta de simbolismos. Símbolos religiosos, com presença de uma pomba, Maria (interpretada por Neusa Maria Faro), Davi, Jonatas (André Hendges), Eden que é o local aonde Davi quer levar Jonatas e a Praça de Deus. Existem símbolos referentes a Guillermo del Toro como a luz estética, Darren Aronofsky com uma direção de arte agressiva, Alfred Hitchcock e Stanley Kubrick em suas narrativas e criação de personagens tangíveis.

Ao longo da trama observamos que a história é de um menino que comete crimes bárbaros em busca de amor, partindo de uma carência ele procura um sentimento familiar amoroso que nunca teve. O telespectador acompanha a trama pelo ponto de vista de Davi, vemos o que ele vê nos fazendo simpatizar com suas camadas encontradas.

O roteiro que possui uma versão escrita em apenas duas semanas como encomenda de uma distribuidora possui símbolos da vida do diretor, como o de sair de casa cedo junto a um realismo fantástico e muitas metáforas. O Segredo de Davi é um terror com drama e suspense focado na mente do protagonista, que se arrisca no incomum e faz um ótimo proveito de uma premissa aparentemente simples.

Você encontra O Segredo de Davi no GloboPlay com duração de 114 Minutos.

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Emocional x Audiovisual

O primeiro filme que dirigi foi um verdadeiro teste para saber se eu queria ou não continuar no cinema. Passei por várias dificuldades que testaram meu emocional em todos os níveis.

Lembro que a primeira grande audição foi um dia antes da gravação, durante a pré-produção. Saí do local tarde, estava extremamente cansado. O lugar era longe de onde eu morava e passei o dia inteiro ajudando a montar o cenário com a Equipe de Arte. No meio do caminho fiquei preso em um túnel devido a uma ação policial para salvar reféns que estavam na mira de um franco-atirador dentro de um ônibus. Depois de algumas horas quando consegui chegar em casa, descobri que meus pais estavam na emergência veterinária com Jordana, minha gatinha doente. Precisei correr para chegar na clínica a tempo de vê-la pela última vez antes da eutanásia, pois ela havia entrado em sepse generalizada, estava gritando de dor.

E foi assim que eu fui a um set de filmagem assumindo a direção, querendo desmoronar e ao mesmo tempo fazendo o meu melhor para que o filme acontecesse. Havia uma equipe de pessoas comprometidas, o produtor e eu tínhamos assumido a produção executiva e o set não poderia continuar por muito tempo. Apesar de não ter dormido nada e estar arrasado da noite anterior, lembro-me da primeira tomada. A sensação e a certeza de que era com isso que eu queria trabalhar eram latentes e me enchiam a cada cena gravada.

O segundo grande teste veio na pós-produção. Ao reunir o material para a montagem, descobri que não poderia usar metade das imagens. Eu havia gravado com duas câmeras simultâneas e uma delas não estava em foco na maioria das cenas. Descobri que apesar de ter investido na Boom e na Lapel para evitar problemas de áudio, havia perdido quase todas as faixas. Foram 3 dias de gravação e tive as faixas de apenas 1 dia de um filme com muito diálogo e som direto. O curta passou por vários editores para salvá-lo. Eu tive que me afastar por um tempo, pois não via mais uma maneira de salvar o filme.

Eu tive que me afastar por um tempo, pois não via mais uma maneira de salvar o filme. Fui morar no exterior. Não queria mais trabalhar com cinema, sentia que não era para mim, pois não conseguia terminar um curta de 10 polegadas”. E mesmo no exterior, o cinema veio atrás de mim; você não pode fugir do seu destino. Agora, depois de ter me afastado do curta por um tempo, pude ter uma visão geral e novas ideias de como salvá-lo. O Ensaio está quase pronto e sinto que é mais do que apenas um filme, foi um meio de crescimento, amadurecimento e aprendizado extremo.

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A impossibilidade de negar quem você é!

Quando eu entendi a diferença entre hobby e a minha essência como uma carreira fruto a ser seguido, o profissional fluiu como nunca antes.

Muitas vezes a gente acha que se afastar e deixar para lá na primeira grande dificuldade é a saída mais fácil. Pode até ser, mas apenas a curto prazo porque toda ação tem uma consequência e ela volta para te cobrar.

Isso foi o que aconteceu comigo na pós do meu primeiro curta. Achei que seria impossível recuperá-lo, precisaria investir muito dinheiro. Aliás, a gente pensa na pré e na gravação e quando chega na pós, já não tem recursos…ainda mais com uma série de erros cometidos e que poderiam ter sido evitados.

Deixei o cinema de lado porque era a “saída mais fácil” e fui viver do caminho espiritual. Decidi viver no Panamá me fortalecer espiritualmente e passar conhecimento a cerca da yoga, meditação e respiração para as pessoas. Não queria ter mais nada a ver com cinema.

Se lembra que eu escrevi que quando algo não é um hobby e sim um caminho a ser seguido ele volta para te cobrar e te colocar “no trilho” novamente? Pois é… lá no Panamá eu tive alguns amigos maravilhosos que me ajudaram a perceber que o cinema é a minha vida e por tanto jamais deveria deixar de lado, porque assim ela seria infeliz.

Lá no Panamá eu participei de um festival de cinema e de um curso de roteiro com pessoas de diversos países. Voltei a gravar vídeos, amadoramente. E voltei a repensar a possibilidade de salvar o curta que julgava estar perdido.

Aliás, no cinema NADA ESTÁ PERDIDO! Pode não sair da forma que foi pensado e nem estar no prazo esperado, mas essa é a maravilha da arte. Cinema é pura arte e a arte te possibilita pensar fora da caixa e descobrir novos caminhos.

📸 @joaogonzalezfotografia