Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, possui uma combinação meticulosa de potentes atuações, narrativa e cinematografia diferenciadsa, elementos que tornam este filme uma experiência inesquecível.
Fernanda Torres e Selton Mello desempenham um papel crucial na transmissão dos sentimentos de seus personagens, criando uma ligação visceral entre a audiência e a Família Paiva. Através de atuações autênticas e comoventes, os atores conseguem evocar uma gama de emoções complexas, desde a desesperança até a determinação incansável. Esse feito, no entanto, não é atingido unicamente através de suas performances, mas pela escolha perfeita dos atores que enriquecem o roteiro já robusto de Murilo Hauser e Heitor Lorega.
Walter Salles, conhecido por seu trabalho em “Central do Brasil” (1998), emprega sua habilidade em criar um tom intimista e familiar que permeia toda a narrativa. A fotografia e montagem são pontos altos no filme, destacando-se no cenário nacional por sua originalidade e profundidade estética. Cada enquadramento e cada movimento de câmera são calculados para transportar o público diretamente para os anos 1970, uma época marcada pelo endurecimento da ditadura militar no Brasil.
Baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, o roteiro de Ainda Estou Aqui oferece uma trama densa e emocionalmente carregada, que retrata a luta de Eunice (Fernanda Torres) para descobrir o paradeiro de seu marido, Rubens Paiva (Selton Mello), um engenheiro e ex-deputado levado de casa e nunca mais entregue. A narrativa não é apenas um relato histórico, mas uma exploração das repercussões emocionais e psicológicas da ditadura, que continua a ressoar nas memórias até os dias de hoje.
Os aspectos técnicos do filme são impecáveis, com uma fotografia que captura a essência da época e uma montagem que permite ao filme manter um ritmo perfeito, junto a trilha sonora marcada por Gal, Caetano, Mutantes, dentre outros.
A universalidade da história é uma das suas maiores virtudes. O filme transcende a especificidade do contexto brasileiro da ditadura militar para abordar temas de busca pela verdade, justiça e resiliência frente à opressão. A coprodução com a França e a linguagem em português não impedem que a trama se comunique com públicos internacionais, fazendo de Ainda Estou Aqui um exemplo forte de uma produção brasileira que tem potencial para dialogar com diferentes culturas e contextos.
Ainda Estou Aqui é uma experiência emocional que convoca o público a refletir sobre um período sombrio da história, ainda tão próximo de nossa realidade. O choque proporcionado por eventos reais e tangíveis proporciona um nível de engajamento emocional raro, deixando o público profundamente tocado e contemplativo.
Em suma, Ainda Estou Aqui se destaca como uma obra-prima do cinema nacional, oferecendo uma combinação de atuações sublimes, direção sensível e uma narrativa histórica que mantém sua relevância e impacto emocional.
Você encontra Ainda Estou Aqui nos principais cinemas do Brasil a partir do dia 7 de Novembro.
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