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A Real Pain

A Real Pain é um marcante longa-metragem roteirizado, dirigido, produzido e estrelado por Jesse Eisenberg, que teve passagem pelo Festival do Rio 2024. Esta comédia dramática nos proporciona uma experiência emocional profunda ao abordar temas como o luto, a memória e as complexidades das gerações de imigrantes. O filme acompanha dois primos que saem dos Estados Unidos para uma viagem à Polônia, na tentativa de se reconectarem com suas raízes judaicas.

Kieran Culkin, cuja atuação já lhe rendeu um Globo de Ouro recentemente, rouba a cena com uma performance que é tanto hilária quanto comovente. Se em Succession seu personagem Roman Roy era uma figura cheia de ironia e tensão, aqui Culkin entrega algo mais  multidimensional. Sua expressão está sempre viva, oscilando rapidamente entre ironia, comédia e hostilidade brincalhona, conforme ele encapsula a complexidade da dor e do humor humano.

Eisenberg permite que o filme seja frequentemente dominado pela atuação de Culkin. Há muitos closes em Culkin, revelando lentamente as camadas emocionais ocultas, dando-nos momentos em que parece possível enxergar seu futuro eu mais velho e o seu passado/presente marcado por dor, uma figura atemporal que poderia ter qualquer idade. Esse toque de direção revela a profundidade da dor e da vivência autêntica que permeia todo o filme.

Mas o que faz de A Real Pain uma experiência única é a imersão no “entre” — a extensa janela de autodescoberta que habita o silêncio do abrir e fechar das cortinas de um espetáculo. Através de uma viagem repleta de memórias e paisagens arquitetônicas da Polônia, o reconhecimento histórico e pessoal se torna palpável à medida que os primos exploram desde campo de concentração até monumentos de celebração, transformando o tour turístico em uma jornada de reverência e contemplação.

Em meio às gargalhadas e às lágrimas, o filme é, de fato, uma ode às dores da alma, mostrando-nos como rir em meio aos trágicos momentos da vida adulta. Eisenberg nos desafia a ver a solidão não apenas como isolamento, mas como uma oportunidade para a solitude e a percepção do luto por uma nova ótica.  Ele utiliza sua falta de tato social e humor peculiar para oferecer uma narrativa cativante sobre dois primos que vivem momentos distintos, mas encontram um terreno comum na busca por suas raízes.

A Real Pain convida o espectador a embarcar em uma narrativa emocional que é menos sobre como tudo termina, mas sobre a jornada em si – o caminho entre o começo e o fim, onde a vida realmente acontece. O filme, com seu caráter individual e identidade distintiva, transforma as perdas da vida em comédia e contemplação,  trazendo à tona a beleza na dor e no renascimento. Afinal, somos todos sobreviventes porque viver é sobreviver a verdadeira dor.

Você encontra A Verdadeira Dor a partir do dia 30 de Janeiro nos Cinemas.

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Até o próximo texto.