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Johatsu – Os Evaporados

Johatsu – Os Evaporados é um documentário que se aprofunda no misterioso fenômeno japonês dos Johatsu, ou os evaporados. Esses indivíduos, por diversas razões — como vergonha, dívidas ou falência pessoal — optam por desaparecer e deixar suas vidas para trás, muitas vezes com o apoio de empresas especializadas chamadas mudanças noturnas. Esse filme revela os conflitos internos dos que desapareceram e as consequências para aqueles que eles abandonaram.

A dupla de diretores Andreas Hartmann e Arata Mori traz à tela uma abordagem sensível e perturbadora sobre um fenômeno tão intrincado e culturalmente específico como o dos Johatsu. A coprodução entre Japão e Alemanha enriquece a narrativa ao incorporar diferentes prismas culturais, mantendo o foco na essência de um Japão moderno ainda preso a códigos de honra tradicionais.

O documentário começa contextualizando o histórico das mudanças noturnas, empresas que auxiliam pessoas a desaparecer e recomeçar suas vidas. Originárias da década de 90, essas empresas surgiram como uma resposta ao colapso da bolha econômica japonesa, quando muitas pessoas, incapazes de honrar suas dívidas, procuraram uma saída extrema. A pressão social intensa e a iminência da vergonha pública transformaram essa prática em algo recorrente, similar aos hikikomori – o retraimento extremo de jovens devido à pressão social e ansiedade.

O filme discute como o código de honra japonês, o bushido, influencia profundamente a maneira como os japoneses lidam com o fracasso e a vergonha. A narrativa é poderosa ao trazer pessoas que cogitam o suicídio até  chegarem ao fenômeno dos Johatsu. A vergonha, que muitos acreditam só poder ser removida por medidas radicais como o suicídio, é apresentada como uma força devastadora que leva milhares a preferir a anulação de suas existências a viver com sua realidade imperfeita.

A cinematografia do documentário é imersiva e respeitosa, nunca sensacionalista. Hartmann e Mori apresentam as histórias de forma que o espectador se sinta envolvido na luta interna e nas esperanças dos indivíduos. A trilha sonora, fortemente marcada pelos tambores japoneses taiko, contribui para a imersão, enfatizando a tensão e a gravidade dos temas abordados.

Uma curiosidade intrigante é que Johatsu não pode ser exibido no Japão, uma condição imposta pelos próprios participantes que temiam pela sua segurança e privacidade. Esta restrição adiciona uma camada de urgência e sigilo, destacando a profundidade do tabu em torno do assunto no próprio país de origem.

Ao longo do documentário, vemos não apenas o impacto devastador sobre as vidas dos que optam por desaparecer, mas também sobre aqueles que são deixados para trás. Familiares e amigos ficam com um vazio incessante, questionando a decisão de seus entes queridos e lidando com as consequências de um desaparecimento que muitas vezes não permite um encerramento emocional.

Johatsu é um documentário essencial que mergulha no turbilhão emocional e cultural dos ‘evaporados’ do Japão. Andreas Hartmann e Arata Mori oferecem ao público ocidental um olhar raro e penetrante sobre uma prática tão enraizada quanto oculta. Ganhador da Competição Principal no Festival Internacional de Documentários de Munique, o filme é uma crítica incisiva às pressões sociais extremas e aos códigos de honra que continuam a influenciar fatalmente a vida moderna no Japão. Com sua estreia em Macau e uma trilha sonora potente, este documentário é um testemunho imperdível da resistência humana e da busca desesperada por redenção e anonimato.

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Até o próximo texto.

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Manga D`Terra

Manga d’Terra (2023) é o novo longa-metragem do luso-suíço Basil da Cunha que acaba de ser exibido no Festival do Rio. A história gira em torno de Rosinha (Eliana Rosa), uma jovem cabo-verdiana que deixa seus filhos em sua terra natal, Cabo Verde, e se muda para Lisboa com a esperança de lhes proporcionar uma vida melhor. No entanto, em Lisboa, ela enfrenta uma vida permeada por invasões policiais e machismo. Rosinha, que aspira ser cantora, encontra nas mulheres de sua comunidade e na música o consolo e a força para lutar por seus sonhos.

Em Manga d’Terra, Basil da Cunha continua explorando o cotidiano do Bairro da Reboleira, uma área periférica de Lisboa. Diferente de seus trabalhos anteriores, que se concentravam no universo masculino, este filme coloca as mulheres no centro da narrativa, destacando suas lutas e resiliência em um ambiente adverso.

Eliana Rosa, que é portuguesa e cabo-verdiana, ilumina a tela com sua performance como Rosinha. A jovem cantora, agora transformada em atriz, dá vida a uma personagem cuja trajetória reflete muitas de suas próprias experiências. “Tudo isto é muito gratificante. Conseguir fazer um filme, trabalhar naquilo que quero trabalhar, viajar para outros países, cantar para as pessoas ouvirem. Tenho tudo o que quero”, disse. Rosa traz uma sinceridade incrível ao papel, especialmente nas cenas que abordam o assédio e o preconceito, reforçando a autenticidade de sua performance.

A abordagem de Basil da Cunha é intuitiva e orgânica, o que mantém uma estética documental. O filme é rico em improvisações e momentos espontâneos, capturados pela câmera na mão. Ele equilibra habilmente o drama com humor, criando cenas memoráveis que oscilam entre o trágico e o cômico.

Manga d’Terra vai além de um simples retrato sociológico do Bairro da Reboleira. Ele mergulha nas questões da imigração, identidade e pertencimento que se encontram fortemente presente nos dias de hoje em Lisboa. Rosinha, como muitos imigrantes, trabalha em subempregos e enfrenta constantes desafios por falta de documentos.  A narrativa destaca a força das mulheres da comunidade, que, apesar das adversidades, encontram maneiras de apoiar umas às outras e resistir.

O filme captura a coexistência de humor e drama no cotidiano do bairro.  Ele mostra como a vida no Bairro da Reboleira é cheia de situações engraçadas e relações humanas complexas, desde mulheres ciumentas sendo carregadas às costas até discussões hilariantes sobre fotos de Instagram. Essa dualidade torna o filme ainda mais real e acessível.

Manga d’Terra é uma obra-prima de Basil da Cunha, que combina profundidade emocional com autenticidade documental. A atuação de Eliana Rosa é o coração do filme, e sua transição de cantora para atriz é nada menos que brilhante. “Sou muito abençoada, juro”, diz Rosa, refletindo sua gratidão e entusiasmo por esta oportunidade.  Manga d’Terra é uma adição brilhante à filmografia de Da Cunha e uma jornada cinematográfica profundamente tocante que celebra a resiliência e a humanidade das mulheres imigrantes.

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Betânia

Betânia, dirigido e roteirizado por Marcello Botta, é um filme brasileiro que fez sua estreia mundial na mostra Panorama do Festival de Berlim 2024 e recentemente impressionou o público no Festival do Rio. Este longa explora a vida de Betânia, uma viúva de 65 anos, que retorna à sua aldeia natal nos Lençóis Maranhenses após a morte do marido. O filme é um mergulho cultural e sensorial que mistura tradição e modernidade, introspecção e choque cultural.

A narrativa segue Betânia, que, após a morte do marido, é convencida pelas filhas a voltar para sua aldeia. Lá, enfrenta os desafios de uma vida simples em contraste com as novas tecnologias e a modernidade que chegam à região. O filme retrata a transição e adaptação de Betânia a essa nova realidade, enquanto ela redescobre suas raízes e lida com as mudanças impostas pelo progresso.

Marcello Botta, em sua estreia, demonstra um domínio impressionante da estética e da narrativa visual. A montagem de Botta, somada a um trabalho de fotografia memorável, transmite uma autenticidade profunda. As cenas são cuidadosamente iluminadas pelo sol do dia e pelo fogo à noite, refletindo a beleza e a crueza dos Lençóis Maranhenses. O uso de elementos como o folclore do Bumba Meu Boi adiciona camadas de riqueza cultural e espiritualidade à trama.

Diana Mattos oferece uma performance comovente e autêntica como Betânia, refletindo a resiliência e a vulnerabilidade da personagem. O núcleo do absurdo no filme é trazido à vida por Anouk Mulard como Sofie e Tim Vidal como Bernard, franceses que viajam para o Maranhão. Suas cenas são as mais ficcionais e coreografadas do filme, proporcionando um contraste interessante com o restante da narrativa e provocando fortes reações do público.

Betânia explora temas de luto, identidade, e adaptação, enquanto faz uma crítica sutil à modernidade e ao progresso. A inclusão de elementos modernos, como a internet e os smartphones, contrasta fortemente com a vida tradicional da aldeia, onde coisas simples como deixar a geladeira ligada 24 horas não existia, assim como tomar banho de chuveiro. A presença de lixo trazido pelas marés do Atlântico, um fenômeno emergente nas praias do Nordeste, serve como um símbolo poderoso das invasões indesejadas da modernidade.

A abordagem de Marcello Botta à cinematografia é particularmente inspiradora. A trilha sonora é igualmente notável, com canções populares adaptadas em estilos como brega, reggae e cânticos. Este uso criativo da música acentua o choque cultural e a narrativa da adaptação.

Betânia é uma obra que celebra a cultura e a resiliência do povo brasileiro, enquanto critica sutilmente as imposições da modernidade. A narrativa é uma reflexão sobre a mudança e a adaptação, questionando o endeusamento da vida urbana e explorando o que realmente buscamos em nossas vidas.
Ainda que por vezes apresente um excesso de informação e lutas sociais, Betânia permanece como um documento cultural essencial e um testemunho da capacidade humana de encontrar felicidade e pertencimento em qualquer lugar. Este filme é mais do que um filme; é um resgate da memória e das tradições.

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Virgínia e Adelaide

Virgínia e Adelaide, sob a direção visionária de Yasmin Thayná e Jorge Furtado, oferece uma janela para um capítulo crucial e muitas vezes negligenciado da história brasileira. O filme, que já causou um impacto significativo no 52º Festival de Cinema de Gramado e está agora fazendo seu circuito no Festival do Rio.

O enredo foca nas vidas interligadas de Virgínia Leone Bicudo (interpretada por Gabriela Correa), uma socióloga e psicanalista negra brasileira, e Adelaide Koch (Sophie Charlotte), uma médica e psicanalista autodidata, judia alemã. A trama narra o encontro dessas duas mulheres em 1937, um ano após a chegada de Adelaide ao Brasil, fugindo da perseguição nazista com a sua família. Esse encontro foi o começo de uma jornada conjunta que iria desafiar e transformar o cenário da psicanálise no Brasil.

A atuação de Gabriela Correa como Virgínia é poderosa e carrega consigo uma intensidade que captura a complexidade de ser mulher negra em uma sociedade permeada pelo machismo, patriarcado, racismo e preconceito. Sophie Charlotte oferece uma performance igualmente rica como Adelaide, expondo as lutas de uma refugiada judia que busca reconstruir sua vida enquanto enfrenta suas próprias barreiras.

Jorge Furtado, que também assina o roteiro, constrói uma narrativa que mescla ficção com arquivos documentais, proporcionando uma profundidade histórica e emocional ao filme. A habilidade de equilibrar a linha tênue entre documentário e drama ficcional é um dos pontos fortes da direção e montagem, criando uma experiência cinematográfica que é ao mesmo tempo educativa e tocante.

A produção pela Casa de Cinema de Porto Alegre, juntamente com a coprodução da GloboFilmes e GloboNews, garante uma qualidade de alto nível.

Virgínia e Adelaide não é apenas um tributo a duas mulheres extraordinárias que ajudaram a popularizar a psicanálise no Brasil; é também uma reflexão sobre a resiliência frente às adversidades. A relação de cinco anos como médica e paciente, mais de três décadas como colegas e uma vida inteira como amigas é apresentada com uma sensibilidade que captura e celebra a força das suas conexões pessoais e profissionais.

A previsão de estreia é para o primeiro semestre de 2025. Este filme é uma necessidade histórica de resgate, lançado em um momento em que a memória e a luta por justiça e igualdade são mais relevantes do que nunca.

Em resumo, Virgínia e Adelaide é uma obra cinematográfica que promete educar, inspirar e emocionar. Yasmin Thayná e Jorge Furtado entregam um filme que não apenas preenche uma lacuna na historiografia brasileira, mas também oferece uma experiência cinematográfica. É uma celebração da coragem, da amizade e do impacto duradouro que estas duas mulheres notáveis tiveram no campo da psicanálise e na sociedade brasileira como um todo.

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Emilia Perez

Destaque no Festival de Cannes, “Emília Pérez” é uma das apostas mais fortes da França para a próxima edição do Oscar, na categoria de Melhor Filme Internacional. O longa, que será lançado nos cinemas brasileiros apenas em 2025, conquistou premiações e aclamação da crítica. Recentemente, abriu a 26ª edição do Festival do Rio, com sessões esgotadas, refletindo o grande entusiasmo em torno da produção.

Dirigido por Jacques Audiard (conhecido por “Ferrugem e Osso” e “O Profeta”), o filme foi rodado no México e é majoritariamente falado em espanhol. Emília Pérez mescla elementos de drama mexicano policial e musical para contar a história entrelaçada entre dois indivíduos em busca de um futuro mais promissor: Manitas del Monte (vivido por Karla Sofía Gascón, atriz espanhola de “Rebelde”), um chefe de cartel de drogas que sonha em se tornar mulher, e Rita Moro Castro (interpretada por Zoë Saldaña, de “Avatar: O Caminho da Água” e “Crash”), uma advogada desprestigiada que vê na oferta de ajudar Manitas uma chance de transformar sua própria vida.

O pacto entre eles exige que Manitas abandone seu passado no tráfico, incluindo sua família. Para Rita, a responsabilidade de resolver os detalhes práticos do plano gera uma sensação de urgência, que se reflete na narrativa acelerada do filme. Logo, Manitas se torna Emília Pérez, uma transformação que não só muda a vida de Rita, mas também impacta as vidas de outras duas mulheres: Jessi (Selena Gomez, de “Only Murders in the Building” e “Os Feiticeiros de Waverly Place”), a viúva de Manitas, que se vê presa numa mentira ao tentar viver com Emília, e Epifanía (Adriana Paz, de “Vis a Vis”), que, na busca por redenção, inicia uma organização de ajuda às pessoas desaparecidas, uma vez que o México é um dos países em que mais há desaparecidos.

Emília Pérez explora as jornadas de autodescobrimento dessas mulheres: Emília enfrenta a realidade de finalmente viver seu sonho, Rita navega a complexidade de alcançar sucesso e descobrir seu vazio internalizado, Jessi tenta reencontrar a felicidade com outro homem (Edgar Ramírez), e Epifanía aprende a viver sem medo e a amar novamente.

A música é um elemento central do filme, inserido organicamente na narrativa para reforçar emoções e temas. Diferente dos musicais clássicos como Moulin Rouge, Mamma Mia, ou até Os Miseráveis, a trilha sonora de Emília Pérez provoca uma ampla gama de sentimentos, desde intimidação e impacto até o desconforto.

Vale ressaltar que a fotografia e a coreografia são pontos altos do filme, enriquecendo ainda mais a experiência. A direção de fotografia captura as nuances das paisagens mexicanas e os momentos mais íntimos das personagens, enquanto as coreografias adicionam uma camada extra de expressividade e dinamismo às cenas. Não é à toa que Karla Sofía Gascón foi laureada com o prêmio de Melhor Atriz em Cannes, uma vitória que sublinha a força e a profundidade das atuações que caracterizam o longa-metragem Emília Pérez.

Com sua abordagem inovadora e rica em nuances humanas, Emília Pérez promete não apenas ser um forte concorrente em festivais internacionais, mas também conquistar o coração do público ao explorar temas universais de identidade, transformação e redenção.

 

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Uma Família Não Tão Feliz

Na próxima quinta-feira (4 de Abril) chega aos cinemas o filme “Uma Família Feliz”. Onde se revela um intrincado enredo centrado em Eva, uma jovem mãe confrontada com a devastadora realidade da depressão pós-parto em meio a uma comunidade que rapidamente se vira contra ela. Com o roteiro e argumento escritos por Raphael Montes e dirigido por José Eduardo Belmonte, o filme mergulha os espectadores em uma trama sombria acentuada por um trabalho meticuloso de iluminação. Com atuações impactantes de Grazi Massafera e Reynaldo Gianecchini, a narrativa desvenda as tensões familiares e os segredos ocultos que ameaçam a aparente harmonia da vida de Eva.

Em “Uma Família Feliz”, a influência de “Aos Teus Olhos” de 2017, roteirizado por Lucas Paraíso, é perceptível tanto visualmente – do cartaz do filme à construção narrativa – quanto em seu cerne emocional. O filme aborda de forma marcante a perigosa dinâmica do linchamento público e da destruição da vida de um indivíduo à medida que a comunidade se fecha em torno de suspeitas e juízos precipitados, sem se deter para compreender a verdade por trás dos acontecimentos.

Raphael Montes tece uma trama de suspense que mantém o espectador tenso e envolvido, revelando gradualmente os intricados segredos que permeiam a vida desta família aparentemente perfeita. O filme destaca-se pela sua capacidade de explorar as camadas mais profundas da psique humana e pela maneira como expõe a fragilidade das relações interpessoais quando submetidas à pressão do escrutínio público e à suspeita irracional.

O longa-metragem é um thriller psicológico denso e envolvente que ecoa não só os traços visuais e narrativos de “Aos Teus Olhos”, mas também a sua poderosa mensagem sobre os perigos do julgamento apressado e da destruição causada pelo linchamento público. Com uma narrativa habilmente construída e um elenco talentoso, o filme mergulha nas sombras da condição humana, revelando como os segredos guardados podem se tornar venenosos quando expostos à luz.

“Alguém tem que trabalhar de verdade enquanto a sua mãe brinca de boneca, filho.”

É preciso reforçar a invalidação e falta de reconhecimento do trabalho da mulher para além do escritório, quando se cuida da casa, do marido, de 3 crianças e ainda tem os seus projetos pessoais, de vida.

Como Raphael Montes diz: “Tenho medo do cidadão do mal, mas tenho mais medo do cidadão do bem.”

Você encontra Uma Família Feliz nos cinemas a partir de quinta-feira (4/4)

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Maestro(s) – Uma Sinfonia de Conflitos e Superações

Maestro(s), dirigido por Bruno Chiche e roteirizado pelo mesmo em parceria de Yaël Langmann e Clément Peny, traz uma narrativa intensa que mergulha nas complexidades da relação entre Denis Dumar (interpretado por Yvan Attal) e seu pai, François Dumar (interpretado por Pierre Arditi). O filme, apresentado no Festival Varilux 2023, explora temas de prestígio, medo, e a busca pela excelência.

A trama se desenrola com a abertura impactante, destacando duas gerações de maestros – uma que sobe aos palcos e outra que relembra suas memórias. Denis, apesar de conquistar um prêmio prestigioso, se vê às voltas com a sombra imponente de seu pai, François, um maestro internacionalmente conhecido. A relação entre pai e filho é marcada por brigas, inveja e comparações, criando uma tensão palpável ao longo do filme.

A fotografia é notável, com planos dinâmicos que capturam a grandiosidade da orquestra e do espaço de apresentação. Os closes nos instrumentos, especialmente nos violinos e nas cordas, proporcionam uma trilha sonora marcante que acompanha a jornada emocional dos personagens.

A falta de diálogo na relação entre pai e filho adiciona camadas de complexidade à narrativa. A pergunta “Como faz para amar uma pessoa odiosa como eu?” destaca o conflito interno de François, enquanto, rígido e exigente, luta para entender o verdadeiro desejo do filho.

A trama se desenvolve através do dilema de Denis entre alcançar o auge da carreira e enfrentar seus medos, ou salvar o relacionamento com o pai. O filme aborda temas universais de autoaceitação, superação do medo e a busca pelos próprios sonhos.

A resolução triunfante destaca a mensagem central do filme – a criatividade e cooperação como resposta para os desafios. Maestro(s) é uma experiência cinematográfica que ressoa, lembrando-nos da importância de enfrentar nossos medos para alcançar nossos sonhos.

https://www.youtube.com/watch?v=hD8tk5-NcBU

 

Você encontra Maestro(s) na seleção oficial do Festival Varilux que acontece do dia 9 de Novembro ao dia 22 de Novembro de 2023.

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Conduzindo Madeleine: Uma Jornada Poética Pelas Ruas da Vida

Conduzindo Madeleine,  dirigido e roteirizado por Christian Carion e apresentada no Festival Varilux 2023, é uma experiência cinematográfica que transcende as fronteiras da simples narrativa, levando os espectadores a uma jornada única pelas ruas de Paris e pelos recantos profundos da memória humana.

O filme, protagonizado por Line Renaud e  Dany Boon, tem uma abertura cativante e dinâmica, apresentando o cotidiano do motorista de táxi, Charles, interpretado por Dany Boon. Cada detalhe é inserido de maneira concisa, estabelecendo um ambiente de urgência e vulnerabilidade. Charles, à beira de perder pontos na carteira e enfrentando dificuldades financeiras, se vê em uma encruzilhada, buscando ajuda em seu relacionamento complicado com o irmão médico.

O encontro de Charles com Madeleine, uma idosa de 92 anos, muda o curso de suas vidas. O filme se desenrola principalmente dentro do táxi, mas mantém um ritmo dinâmico e envolvente. A habilidade de Christian Carion em criar uma atmosfera íntima dentro do veículo é notável.

A história se desenvolve à medida que Madeleine compartilha suas memórias, revelando uma vida marcada por desafios e superações. Os flashbacks, construídos com maestria e poesia, oferecem ao público uma visão profunda das experiências passadas de Madeleine, algumas dolorosas, outras reflexivas.

O filme é uma reflexão sobre o tempo, as mudanças na cidade, no amor e na vida em si. A trilha sonora desempenha um papel fundamental, complementando perfeitamente as emoções evocadas pelas histórias de Madeleine. A jornada de Charles, inicialmente impaciente e fechada, se transforma à medida que ele é cativado pelas narrativas da passageira, revelando um homem mais leve e aberto.

O roteiro habilmente aborda temas sensíveis, como violência doméstica, amor e perda, sem perder a ternura e a humanidade. A cinematografia conduz o espectador por diversos locais de Paris, como um convite a um city tour emocional.

Conduzindo Madeleine é mais do que um filme; é uma experiência cinematográfica que respira vida nas histórias entrelaçadas de dois personagens improváveis. Com uma reviravolta emocional surpreendente e uma conclusão que ecoa a efemeridade da existência, é um filme de tirar o fôlego.

Você encontra Conduzindo Madeleine na seleção oficial do Festival Varilux que acontece do dia 9 de Novembro ao dia 22 de Novembro de 2023.

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Tia Virgínia

Pode-se dizer que Tia Virgínia, dirigido e roteirizado por Fábio Meira, é uma obra cinematográfica que nos leva a uma viagem emocional profundamente pessoal e tocante. Com uma narrativa que se desenrola em um único dia durante uma celebração de Natal após a morte do pai, o filme mergulha nas complexidades da família, resgatando memórias e conflitos que muitos espectadores podem reconhecer em suas próprias vidas.

Uma das principais forças do filme é sua habilidade de criar uma conexão imediata entre o público e os personagens, especialmente com a protagonista Vera Holtz, que entrega uma atuação memorável. A proximidade com o mundo real é palpável, e os espectadores são levados a sentir que fazem parte da história. O filme explora temas familiares, incluindo memórias, conflitos de interesses e os desejos das irmãs, tudo isso em meio a celebrações que, ao longo dos anos, se tornam cada vez mais diferentes. Essa evolução e separação da família durante as festas natalinas são retratadas com sensibilidade, enquanto a dinâmica familiar em constante mudança é explorada.

A presença do som desempenha um papel fundamental na atmosfera do filme, com conversas e ruídos da casa que adicionam profundidade à experiência. A escolha da música, incluindo a voz de Milton Nascimento, também é um toque sensível que contribui para a sensação de familiaridade e conexão com a história.

Tia Virgínia toca em temas universais, como envelhecimento, cuidados com idosos e o impacto do passado na vida das pessoas. A jornada de cuidar de um ente querido idoso é representada de maneira sincera e reflexiva, questionando o que realmente significa estar bem e onde essa sensação de bem-estar pode ser encontrada.

A fotografia poética do filme revela a essência de cada personagem, seus segredos e interesses. Através dessa lente, somos levados a refletir sobre o controle da própria vida e a importância de cuidar de si mesmo.

Em resumo, o longa-metragem  é um drama familiar real e necessário, que oferece uma visão íntima das complexidades das relações familiares e da passagem do tempo. Com atuações cativantes e uma narrativa emocionalmente rica, o filme convida os espectadores a refletir sobre a vida, o envelhecimento e a importância de cuidar daqueles que amamos, mas antes de tudo, de si.

Tia Virgínia teve estreia no Festival de Cinema de Gramado, onde venceu diversos, incluindo o de melhor atriz para Vera Holtz, o de melhor roteiro para Fabio Meira e o Prêmio do Júri. O filme tem previsão de chegada aos cinemas no dia 9 de Novembro de 2023.

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Anatomia de uma Queda

Anatomia de uma Queda  é um filme francês que combina suspense e drama de maneira eficaz. A trama, que se desenrola em um chalé nos Alpes, nos coloca diante de um enigma perturbador: a morte misteriosa do pai da família. A estrutura narrativa do filme é habilmente construída, mantendo o espectador constantemente em suspense, sem revelar de imediato o que aconteceu naquele fatídico dia, trazendo uma sensação de saber o que houve e em outrora não saber mais.

A atuação de Sandra Huller é notável, pois ela desempenha o papel da mulher alemã que se encontra no centro da suspeita e da controvérsia. Sua interpretação traz à tona uma gama de emoções, do desespero à determinação, à medida que ela luta para provar sua inocência. A dinâmica entre os personagens e as relações familiares complexas são exploradas de maneira profunda e envolvente, pois aqui não sabemos ao certo se foi um homicídio ou um suicídio, mas sabemos que ambos trazem camadas de uma relação familiar matrimonial de anos.

A direção de Justine Triet é singular, especialmente considerando que o filme a tornou a terceira mulher a vencer a Palma de Ouro em Cannes (2023). Sua abordagem metalinguística e a utilização da música alta como um elemento que contribui para o desconforto e a tensão são aspectos marcantes e fortes do filme. Essa escolha sonora contribui significativamente para a atmosfera opressiva e para a sensação de tragédia.

O longo e inusitado julgamento que se desenrola no filme acrescenta uma camada adicional de sufocamento e complexidade à narrativa, enquanto examina a natureza da culpa e da inocência. A ambiguidade persistente sobre o que realmente aconteceu mantém o espectador envolvido e curioso até o final.

Anatomia de uma Queda é uma obra que desafia as expectativas e oferece uma experiência cinematográfica intrigante. Sua combinação de suspense, drama e metalinguagem o torna um filme que provoca reflexões e discussões após a sua exibição, destacando o talento de Justine Triet como diretora e a capacidade do cinema francês de contar histórias complexas e envolventes.

Você encontra Anatomia de uma Queda no Festival do Rio e Mostra de São Paulo. E nos principais cinemas a partir do dia 22 de Fevereiro de 2024.

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