Categorias
Sem categoria

Manga D`Terra

Manga d’Terra (2023) é o novo longa-metragem do luso-suíço Basil da Cunha que acaba de ser exibido no Festival do Rio. A história gira em torno de Rosinha (Eliana Rosa), uma jovem cabo-verdiana que deixa seus filhos em sua terra natal, Cabo Verde, e se muda para Lisboa com a esperança de lhes proporcionar uma vida melhor. No entanto, em Lisboa, ela enfrenta uma vida permeada por invasões policiais e machismo. Rosinha, que aspira ser cantora, encontra nas mulheres de sua comunidade e na música o consolo e a força para lutar por seus sonhos.

Em Manga d’Terra, Basil da Cunha continua explorando o cotidiano do Bairro da Reboleira, uma área periférica de Lisboa. Diferente de seus trabalhos anteriores, que se concentravam no universo masculino, este filme coloca as mulheres no centro da narrativa, destacando suas lutas e resiliência em um ambiente adverso.

Eliana Rosa, que é portuguesa e cabo-verdiana, ilumina a tela com sua performance como Rosinha. A jovem cantora, agora transformada em atriz, dá vida a uma personagem cuja trajetória reflete muitas de suas próprias experiências. “Tudo isto é muito gratificante. Conseguir fazer um filme, trabalhar naquilo que quero trabalhar, viajar para outros países, cantar para as pessoas ouvirem. Tenho tudo o que quero”, disse. Rosa traz uma sinceridade incrível ao papel, especialmente nas cenas que abordam o assédio e o preconceito, reforçando a autenticidade de sua performance.

A abordagem de Basil da Cunha é intuitiva e orgânica, o que mantém uma estética documental. O filme é rico em improvisações e momentos espontâneos, capturados pela câmera na mão. Ele equilibra habilmente o drama com humor, criando cenas memoráveis que oscilam entre o trágico e o cômico.

Manga d’Terra vai além de um simples retrato sociológico do Bairro da Reboleira. Ele mergulha nas questões da imigração, identidade e pertencimento que se encontram fortemente presente nos dias de hoje em Lisboa. Rosinha, como muitos imigrantes, trabalha em subempregos e enfrenta constantes desafios por falta de documentos.  A narrativa destaca a força das mulheres da comunidade, que, apesar das adversidades, encontram maneiras de apoiar umas às outras e resistir.

O filme captura a coexistência de humor e drama no cotidiano do bairro.  Ele mostra como a vida no Bairro da Reboleira é cheia de situações engraçadas e relações humanas complexas, desde mulheres ciumentas sendo carregadas às costas até discussões hilariantes sobre fotos de Instagram. Essa dualidade torna o filme ainda mais real e acessível.

Manga d’Terra é uma obra-prima de Basil da Cunha, que combina profundidade emocional com autenticidade documental. A atuação de Eliana Rosa é o coração do filme, e sua transição de cantora para atriz é nada menos que brilhante. “Sou muito abençoada, juro”, diz Rosa, refletindo sua gratidão e entusiasmo por esta oportunidade.  Manga d’Terra é uma adição brilhante à filmografia de Da Cunha e uma jornada cinematográfica profundamente tocante que celebra a resiliência e a humanidade das mulheres imigrantes.

Gostou do conteúdo? Então deixa uma comentário para eu saber disso!

Até o próximo texto.