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Virgínia e Adelaide

Virgínia e Adelaide, sob a direção visionária de Yasmin Thayná e Jorge Furtado, oferece uma janela para um capítulo crucial e muitas vezes negligenciado da história brasileira. O filme, que já causou um impacto significativo no 52º Festival de Cinema de Gramado e está agora fazendo seu circuito no Festival do Rio.

O enredo foca nas vidas interligadas de Virgínia Leone Bicudo (interpretada por Gabriela Correa), uma socióloga e psicanalista negra brasileira, e Adelaide Koch (Sophie Charlotte), uma médica e psicanalista autodidata, judia alemã. A trama narra o encontro dessas duas mulheres em 1937, um ano após a chegada de Adelaide ao Brasil, fugindo da perseguição nazista com a sua família. Esse encontro foi o começo de uma jornada conjunta que iria desafiar e transformar o cenário da psicanálise no Brasil.

A atuação de Gabriela Correa como Virgínia é poderosa e carrega consigo uma intensidade que captura a complexidade de ser mulher negra em uma sociedade permeada pelo machismo, patriarcado, racismo e preconceito. Sophie Charlotte oferece uma performance igualmente rica como Adelaide, expondo as lutas de uma refugiada judia que busca reconstruir sua vida enquanto enfrenta suas próprias barreiras.

Jorge Furtado, que também assina o roteiro, constrói uma narrativa que mescla ficção com arquivos documentais, proporcionando uma profundidade histórica e emocional ao filme. A habilidade de equilibrar a linha tênue entre documentário e drama ficcional é um dos pontos fortes da direção e montagem, criando uma experiência cinematográfica que é ao mesmo tempo educativa e tocante.

A produção pela Casa de Cinema de Porto Alegre, juntamente com a coprodução da GloboFilmes e GloboNews, garante uma qualidade de alto nível.

Virgínia e Adelaide não é apenas um tributo a duas mulheres extraordinárias que ajudaram a popularizar a psicanálise no Brasil; é também uma reflexão sobre a resiliência frente às adversidades. A relação de cinco anos como médica e paciente, mais de três décadas como colegas e uma vida inteira como amigas é apresentada com uma sensibilidade que captura e celebra a força das suas conexões pessoais e profissionais.

A previsão de estreia é para o primeiro semestre de 2025. Este filme é uma necessidade histórica de resgate, lançado em um momento em que a memória e a luta por justiça e igualdade são mais relevantes do que nunca.

Em resumo, Virgínia e Adelaide é uma obra cinematográfica que promete educar, inspirar e emocionar. Yasmin Thayná e Jorge Furtado entregam um filme que não apenas preenche uma lacuna na historiografia brasileira, mas também oferece uma experiência cinematográfica. É uma celebração da coragem, da amizade e do impacto duradouro que estas duas mulheres notáveis tiveram no campo da psicanálise e na sociedade brasileira como um todo.

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Até o próximo texto.