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Krishnamurti- A Revolução do Silêncio: Quando o Pensamento se cala e a Consciência escuta

Krishnamurti: A Revolução do Silêncio é um daqueles filmes que não se assiste; se vivencia. Dirigido por Françoise Ferraton, o documentário sobre o filósofo indiano Jiddu Krishnamurti convida o espectador a desacelerar, observar e, acima de tudo, silenciar. Saí do cinema em suspenso. O filme ecoa mais do que explica, e talvez esse seja o maior mérito: ele não busca converter, mas despertar.

A diretora utiliza imagens de arquivo, entrevistas e leituras de cadernos que vão de 1961 a 1984, ano do último diário do pensador. A estrutura é simples, quase transparente, porque o centro de tudo é a voz de Krishnamurti; uma voz calma, lúcida, que parece atravessar o tempo e sussurrar para o presente. Ele fala sobre o poder da observação, sobre como a consciência contém em si o sofrimento humano. Não apenas o sofrimento pessoal, mas o de toda a humanidade.

O filme começa com a fluidez de um rio. E é justamente nesse ritmo que Ferraton conduz a narrativa, um fluxo de imagens, pessoas, natureza. Aos poucos, a água dá lugar à terra, e a contemplação se torna espelho. Krishnamurti dizia que “ser livre é observar sem julgamento”, e o documentário parece filmar exatamente isso: o olhar que se liberta da pressa, da opinião, da necessidade de ter razão.

Mas é impossível sair ileso. A verdade, aqui, chega a ser sufocante. As imagens de imigrantes exaustos, famílias atravessando fronteiras em busca de abrigo, pessoas sem terra, sem casa, sem país, todas fugindo da guerra e da fome, dão corpo ao sofrimento coletivo de que Krishnamurti fala. É o retrato visível da consciência humana adoecida. O silêncio proposto por ele não é fuga, é enfrentamento. É o convite a enxergar o caos humano sem reagir com mais ruído, sem tentar curar o mundo antes de olhar para o que há dentro de nós.

O documentário percorre sua trajetória, da juventude na escola teosófica à vida na Inglaterra e depois na Califórnia, onde viveu seus últimos anos. Mas mais do que biografia, A Revolução do Silêncio é um estado de espírito. O filme não tenta explicar Krishnamurti; tenta sentir com ele.

“Você ouve a palavra ou o conteúdo da palavras?”

Entre as reflexões, uma frase permanece: “Compaixão é liberdade. E compaixão significa o fim do sofrimento.” É simples e devastador. Ser livre, afinal, é cessar a busca. É aceitar que talvez a verdadeira revolução seja interior, invisível e silenciosa.
Krishnamurti: A Revolução do Silêncio é um lembrete raro de que pensar nem sempre é entender;  às vezes é só respirar. E nesse respiro, algo muda.

Você encontra Krishnamurti no Festival do Rio .
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Alpha — Corpo como Contágio e Salvação

Alguns filmes não terminam quando a tela escurece, eles permanecem dentro da gente, como uma febre. Alpha, novo longa de Julia Ducournau, é exatamente isso: um filme que arde, coça e não cicatriza.

Escrito e dirigido pela cineasta que redefiniu o horror corporal com Raw e Titane, Alpha é, antes de tudo, um mergulho na carne; mas uma carne que apodrece e se desfaz em pó, que não grita, mas silencia. Um drama familiar que começa íntimo e termina apocalíptico, questionando o que acontece quando o amor e a infecção se tornam indistintos.

Assisti Alpha no Festival do Rio  e confesso: minhas expectativas eram enormes. Julia Ducournau é minha diretora preferida. Há algum tempo, quando me perguntaram quem eu mais admirava no cinema, não soube responder. Só soube depois de ver Raw e Titane. Ali entendi que o cinema dela me atravessa de um jeito raro: é físico, feminino e selvagem. Ela filma o corpo como quem filma a alma.

E Alpha reafirma isso. Já na cena inicial, uma menina desenha nas feridas do homem que cuida dela, ligando cicatrizes como quem tenta reconstruir uma constelação perdida. É belo e incômodo, quase impossível desviar o olhar. A câmera de Ducournau tem essa delicadeza brutal: a de nos fazer olhar mesmo quando queremos desviar.

“Não é um bom momento para sangrar.”

Quando o filme corta para o tio de Alpha se drogando, vi ali um eco de Réquiem para um Sonho. A agulha, a pele, o desespero. Mas o que mais me marcou foi a cena seguinte: Alpha, já adolescente, bêbada em uma festa, deixando que alguém tatue um “A” torto em seu braço. Naquele momento, me vi lembrando do que assistia aos treze, como Eu, Christiane F. e Skins. Aquela mistura de descoberta e autodestruição, o desejo de pertencer e o medo de se perder. Julia Ducournau entende esse limiar como poucos, o instante em que o corpo quer ser livre e acaba virando prisão.

O filme é uma grande odisseia pandêmica. A infecção aqui é tanto literal quanto simbólica: corpos que se tornam mármore antes de se dissolver em pó branco. O medo se espalha, e a sociedade se desintegra — um reflexo de tudo o que vivemos, do isolamento, da paranoia, da falta de toque. Há um momento em que a mãe de Alpha, interpretada de forma arrebatadora por Golshifteh Farahani, limpa o vômito da filha e descobre o corte fresco da tatuagem, e eu senti o nó na garganta de quem ama e teme ao mesmo tempo.

Tahar Rahim está esplêndido como o tio, um corpo frágil, doente e cheio de culpa. A relação entre os três: mãe, filha e irmão,  é o coração pulsante do filme. É onde Ducournau transforma o horror em ternura, a doença em vínculo.

E como sempre, a trilha sonora é um personagem à parte. Quando Portishead começa a tocar logo no início, senti aquele arrepio que só o cinema dela provoca,  como se cada batida de som fosse uma gota de sangue caindo em câmera lenta.

“Deve ser um inferno ser criança hoje em dia.”

Sim, o último ato se estende demais, com saltos temporais um pouco confusos. Mas mesmo ali, há uma coerência emocional: o caos é parte da experiência. Alpha é um filme sobre o colapso,  do corpo, da família, do mundo.

Saí da sessão com a sensação de estar coberta pelo mesmo pó branco que domina a tela. Como espectadora, senti o incômodo físico; como roteirista, admirei a coragem. E como mulher, me reconheci naquele gesto final,  o de tentar religar a carne rasgada de alguém.

No fim, Alpha não é sobre vírus. É sobre o contágio que é amar alguém até o limite da dor. E talvez seja por isso que eu continue pensando nele — e em Julia Ducournau — muito depois que a luz do cinema se apagou.

Você encontra Alpha no Festival do Rio.

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Até o próximo texto.

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Conclave

Conclave, a mais recente adaptação do renomado livro de Robert Harris, sob a direção de Edward Berger, e que teve passagem no Festival do Rio de 2024 como uma das grandes surpresas e logo se destacou como um forte concorrente em premiações, incluindo o Globo de Ouro. Com um elenco de peso liderado por Ralph Fiennes e Isabella Rossellini, o filme nos transporta para os segredos e intrigas que permeiam o processo de escolha de um novo papa, um evento que ocorre nas sombras da Capela Sistina, entre cédulas queimadas e fumaças brancas.

“O trono da Santa Fe está vago”

A trama se desenrola após a morte inesperada de um amado papa, quando o Cardeal Thomas Lawrence (Fiennes) é incumbido da imensa responsabilidade de conduzir o conclave, uma tradição de isolamento e sigilo que remonta a oito séculos. Em um ambiente repleto de pressões internas, Lawrence rapidamente percebe que não está apenas lidando com a escolha de um novo líder espiritual, mas se vê imerso em um labirinto de conspirações e segredos que podem abalar os alicerces da Igreja Católica.

A direção de Edward Berger captura a tensão palpável nos corredores do Vaticano, do silêncio reverente da Capela Sistina aos sussurros estratégicos de líderes ambiciosos. O roteiro de Peter Straughan equilibra diálogos instigantes com momentos de reflexão sobre o papel da Igreja na contemporaneidade.

“40 anos sem papa italiano”

Um dos pontos fortes de “Conclave” é, sem dúvida, sua direção de arte e fotografia. A atmosfera única do Vaticano é retratada com riqueza de detalhes, criando um cenário que não apenas serve como pano de fundo, mas como um personagem à parte que influencia o desenrolar da história. Por outro lado, o filme também provoca controvérsias. A reação do bispo norte-americano Robert Barron, que pediu boicote ao longa, ilustra o impacto que Conclave pode ter sobre o público católico. Sua crítica, que destaca uma visão negativa da hierarquia da Igreja, aponta para um nervo exposto: as dinâmicas internas da instituição. No entanto, é exatamente essa divisão interna entre progressistas e tradicionalistas, que o filme aborda com ousadia, que faz da narrativa um tema relevante e pertinente.

Conclave não se furta a discutir temas contemporâneos como o papel das mulheres na Igreja e as mudanças sociais que estão em jogo. Ao colocar seus personagens em situações que desafiam a ordem tradicional, o filme convida o espectador a refletir sobre a necessidade de adaptação e transformação em uma instituição histórica. Embora o filme abrace uma perspectiva crítica, ele também é um convite ao diálogo sobre estes temas, uma jornada que esmiúça o ethos da Igreja Católica contemporânea. As atuações de Fiennes e Rossellini são potentes, trazendo profundidade e complexidade a personagens que navegam neste mar de ambição e fé.

Em suma, Conclave é uma obra cinematográfica audaciosa e visualmente impressionante que, além de contar uma história intrigante, provoca reflexões sobre questões contemporâneas e a essência do poder.

Você encontra Conclave a partir do dia 23 de Janeiro nos Cinemas.

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Até o próximo texto.

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Bolero, o Mistério de Ravel

Bolero, O Mistério de Ravel , dirigido por Anne Fontaine, foi selecionado para a 15ª edição do Festival Varilux de Cinema Francês 2024. O filme exibe uma produção impecável, com um elenco adequado, figurinos e cenários de época meticulosamente recriados, e diálogos claros que elucidam a trama. No entanto, essa precisão e segurança podem ser vistas como uma abordagem excessivamente resumida e talvez asfixiante em termos de potencial narrativo.

“Nada é mais concreto do que a música.”

Bolero se passa em 1928, durante os vibrantes anos loucos de Paris, quando a dançarina Ida Rubinstein encomenda a Maurice Ravel uma composição para seu próximo balé. Enfrentando uma crise de inspiração, o filme nos leva a revisitar os capítulos da vida de Ravel, interpretado competentemente por Raphaël Personnaz, incluindo seus desafios precoces, as cicatrizes da Grande Guerra e um amor não correspondido por sua musa Misia Sert. Ravel, uma figura complexa e cartesiana, é retratado como um homem notavelmente sensível devotado à música – ao ponto de declarar que nunca se casou porque estava casado com a música.

“Acho que me perdi em minha própria música.”

Apesar da ambientação impecável e das boas intenções narrativas, o filme muitas vezes sucumbe a uma abordagem que não explora plenamente o potencial emocional e psicológico de seus personagens. Há vários filmes possíveis dentro deste, cada um mais provocativo que o outro, mas todos parecem asfixiados em suas possibilidades únicas por essa abordagem resumida. A repressão sexual de Ravel, por exemplo, é subutilizada; sua falta de impulso carnal é reduzida a gestos de afeto não correspondidos ou a incapacidade de expressar seus verdadeiros sentimentos. Essa explosão de possibilidade é tratada apenas como um pano de fundo, não alcançando o clímax emocional necessário.

O filme também deixa de explorar profundamente a percepção intelectual e emocional de Ravel em relação ao trabalho artístico da bailarina, evidenciando uma defasagem perceptiva entre ele e a dança meramente de um ponto de vista intelectual. Tais nuances estão presentes e disponíveis para o olhar atento, mas a direção de Fontaine, embora competente, não lhes dedica a atenção devida, preferindo manter uma narrativa segura e linear em um “safe zone”.

“A cada 15 minutos, alguém no mundo está tocando Bolero de Ravel.”

Bolero é um filme agradável, que sabe seduzir o espectador com sua mistura de leveza e beleza cativantes. No entanto, ele se revela uma obra sem grandes sustos narrativos, mas também sem grandes provocativas. Anne Fontaine, ao construir a biografia de Maurice Ravel, nos entrega um trabalho visualmente esplêndido, mas que parece se contentar em permanecer na superfície do drama do personagem, em vez de mergulhar nas profundezas de suas complexidades emocionais.

Distribuído no Brasil pela Mares Filmes e com classificação indicativa livre, o filme, apesar de suas sofisticadas pretensões e estudo meticuloso de época, poderia ter sido um estudo mais íntimo e penetrante de Ravel.

Você encontra Bolero no Festival Varilux 2024.

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 Malês: Uma Luta Pela Liberdade Que Ecoa Até Hoje

Antonio Pitanga, ícone do Cinema Novo, retorna em grande estilo com Malês, um filme profundamente comovente e historicamente importante que aborda a Revolta dos Malês, ocorrida em Salvador, Bahia, em 1835. Este momento crucial da história afro-brasileira é capturado com sensibilidade e vigor, resultando em uma obra cinematográfica que é ao mesmo tempo educativa e emocionalmente impactante.

A trama segue dois jovens muçulmanos africanos que são arrancados de sua terra natal e levados como escravos para o Brasil. Durante esta dolorosa jornada, uma história de resiliência e busca incessante pela liberdade se desenrola. Sequestrados do seio de suas famílias e comunidades, eles são separados e forçados a lutar, tanto física quanto emocionalmente, para sobreviver e se reencontrar. Nesse percurso, acabam se envolvendo na maior insurreição de escravizados da história do Brasil, protagonizada por 600 escravizados muçulmanos. Esta rebelião, embora sufocada em menos de 48 horas com a repressão violenta e assassinato de seus líderes, deixou uma marca indelével na história.

“Se o mundo quer fazer meu filho de escravo, eu quero mudar o mundo.”

Durante a pré-estreia, que integrou a 26ª edição do Festival do Rio e ocorreu em uma sessão especial no Cine Odeon, nomes de peso como Lázaro Ramos, Benedita da Silva e Maju Coutinho compareceram para prestigiar o filme. Antonio Pitanga, com seus filhos Camila e Rocco Pitanga, marcou presença, destacando a importância pessoal e histórica do projeto.

Pitanga, interpretando Pacífico Licutan, um dos líderes malês, demonstra uma atuação carismática e cheia de nuances. Seu personagem enfatiza a importância da união entre diferentes povos, tribos e religiões para o sucesso da revolta e o fim da escravidão. A produção também retrata outras importantes lideranças, como Ahuna (Rodrigo de Odé), Manuel Calafate (Bukassa Kabengele), Vitório Sule (Heraldo de Deus) e Luís Sanim (Thiago Justino), oferecendo ao público um retrato detalhado e multifacetado dos líderes dessa insurreição histórica.

” O tempo se alarga para caber todas as histórias.”

Sob a direção de Pitanga, o filme consegue balancear intimidade e grandiosidade, capturando os detalhes da vida cotidiana dos escravizados enquanto mostra a magnitude de sua coragem e sacrifício. A fotografia, que utiliza locações autênticas em Cachoeira, Salvador e Maricá, é visualmente deslumbrante e carrega um peso histórico que transporta o espectador diretamente para a Bahia do século XIX.

O roteiro de Manuela Dias é outro ponto alto, buscando não apenas narrar a Revolta dos Malês, mas também explorar a profundidade da luta contra o racismo e a intolerância religiosa por meio de fortes diálogos. Manuela constrói uma narrativa rica e de múltiplas camadas, que convida o espectador a refletir sobre questões ainda pertinentes na sociedade contemporânea.

A trilha sonora, com tambores fortemente presentes, complementa a narrativa ao evocar a espiritualidade e a resistência dos personagens. A direção de arte e o figurino também merecem destaque, proporcionando uma imersão completa no contexto histórico do filme.

“Não é ajudar, é participar.”

Malês não é apenas um filme sobre o passado; é uma obra que ressoa fortemente no presente. Antonio Pitanga, aos 85 anos, entrega uma direção apaixonada e uma interpretação poderosa, apoiado por um elenco talentoso e uma equipe dedicada. O filme é, acima de tudo, um tributo à resiliência e à coragem daqueles que lutaram e continuam a lutar contra a opressão.

Com uma estreia programada para 14 de novembro, Malês não só reconta uma história essencial da cultura afro-brasileira, mas também promove uma reflexão profunda sobre as desigualdades atuais.

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BELA LX-404 – Um Tributo Tocante e Inovador a Léa Garcia

No último sábado, dia 6 de outubro, o Festival do Rio se iluminou com a estreia de “BELA LX-404,” o aguardado curta-metragem roteirizado e dirigido por Luiza Botelho. Mesmo que a exibição não estivesse na competição oficial, o filme brilhou como uma das atrações mais emocionantes do evento, servindo também como uma homenagem à lendária atriz Léa Garcia, cuja perda recente deixa uma ausência imensurável no cinema brasileiro.

Léa Garcia, aos 89 anos, deu vida a Bela LX-404, uma robô sensual adquirida por um senhor solitário, Seu William (Thiago Justino). A escolha de Léa para este papel – um robô com toques de sensualidade – não só desafia as expectativas de William, mas também do público. Em uma atuação que mescla humor, humanidade e uma pitada de ironia, Léa cativa do início ao fim. A própria atriz confessou se divertir extremamente com o papel, o que transparece em cada cena, tornando sua atuação ainda mais cativante.

A trama, que começa de maneira quase cômica com a surpresa de William ao receber uma robô com mais idade que a jovem atraente que esperava, evolui para uma reflexão mais profunda sobre as relações humanas, solidão e aceitação. No enredo, Henrique Bulhões se destaca como o porteiro Zezinho, cuja interação com Bela e William adiciona camadas de complexidade e sensibilidade ao filme.

A direção de Luiza Botelho é um tributo apropriado a seu pai, e uma mostra promissora de seu próprio talento cinematográfico. A escolha do ano dos robôs e do estilo futurista é sustentada pelo trabalho de iluminação, que desempenha um papel fundamental em transportar o espectador para um futuro onde a tecnologia e as relações humanas se entrelaçam de maneira inesperada.

Os efeitos visuais, especialmente as telas tecnológicas futuristas, são dignos de nota e adicionam uma camada de autenticidade ao cenário futurista do filme. A pós-produção faz uma ponte perfeita entre os elementos humanos e tecnológicos da obra, sem nunca tirar o foco das performances emocionantes e do desenvolvimento de personagem.

BELA LX-404 é uma bela despedida para Léa Garcia, oferecendo uma última chance de apreciar o brilho e a versatilidade de uma atriz que deixou um legado inestimável. O curta-metragem combina humor, emoção e inovação, deixando o público não apenas entretido, mas também reflexivo sobre as complexidades das relações humanas em um mundo dominado pela tecnologia.

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Conduzindo Madeleine: Uma Jornada Poética Pelas Ruas da Vida

Conduzindo Madeleine,  dirigido e roteirizado por Christian Carion e apresentada no Festival Varilux 2023, é uma experiência cinematográfica que transcende as fronteiras da simples narrativa, levando os espectadores a uma jornada única pelas ruas de Paris e pelos recantos profundos da memória humana.

O filme, protagonizado por Line Renaud e  Dany Boon, tem uma abertura cativante e dinâmica, apresentando o cotidiano do motorista de táxi, Charles, interpretado por Dany Boon. Cada detalhe é inserido de maneira concisa, estabelecendo um ambiente de urgência e vulnerabilidade. Charles, à beira de perder pontos na carteira e enfrentando dificuldades financeiras, se vê em uma encruzilhada, buscando ajuda em seu relacionamento complicado com o irmão médico.

O encontro de Charles com Madeleine, uma idosa de 92 anos, muda o curso de suas vidas. O filme se desenrola principalmente dentro do táxi, mas mantém um ritmo dinâmico e envolvente. A habilidade de Christian Carion em criar uma atmosfera íntima dentro do veículo é notável.

A história se desenvolve à medida que Madeleine compartilha suas memórias, revelando uma vida marcada por desafios e superações. Os flashbacks, construídos com maestria e poesia, oferecem ao público uma visão profunda das experiências passadas de Madeleine, algumas dolorosas, outras reflexivas.

O filme é uma reflexão sobre o tempo, as mudanças na cidade, no amor e na vida em si. A trilha sonora desempenha um papel fundamental, complementando perfeitamente as emoções evocadas pelas histórias de Madeleine. A jornada de Charles, inicialmente impaciente e fechada, se transforma à medida que ele é cativado pelas narrativas da passageira, revelando um homem mais leve e aberto.

O roteiro habilmente aborda temas sensíveis, como violência doméstica, amor e perda, sem perder a ternura e a humanidade. A cinematografia conduz o espectador por diversos locais de Paris, como um convite a um city tour emocional.

Conduzindo Madeleine é mais do que um filme; é uma experiência cinematográfica que respira vida nas histórias entrelaçadas de dois personagens improváveis. Com uma reviravolta emocional surpreendente e uma conclusão que ecoa a efemeridade da existência, é um filme de tirar o fôlego.

Você encontra Conduzindo Madeleine na seleção oficial do Festival Varilux que acontece do dia 9 de Novembro ao dia 22 de Novembro de 2023.

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